Saturday, September 11, 2010

A justiça é cega ... e surda ... e muda ...

No processo Casa Pia, talvez a mais longa das novelas da justiça portuguesa, anda meio mundo ocupado a falar daqueles que foram condenados pelo Tribunal e da justiça (ou falta dela) da sua condenação, mas esquecem-se de falar da única absolvida que houve no caso …
E é disso que falo hoje, de Gertrudes Nunes, essa sinistra mulher que nos habituamos a “não ver”, visto apresentar-se em Tribunal com uma espécie de cobertor a cobrir-lhe a face.
A D. Gertrudes foi absolvida no processo Casa Pia, graças a algumas alterações ao Código Penal, quanto aos pressupostos do crime de lenocínio (crime de fomento, com intenção lucrativa, da prática da prostituição por outra pessoa).
Mas afinal, o que pintava a D. Gertrudes neste processo todo ???
Pois a “pobre senhora” não era mais do que a proprietária de uma casa em Elvas, onde, de vez em quando, coincidiam crianças e pedófilos, estes a semear o amor e as crianças em busca de umas sapatilhas novas …
Mas, esta nova “vítima” do sistema judicial português nada tinha a ver com o assunto…
A casa era dela, mas a senhora nada sabia sobre o que se passava lá dentro … chegou a contratar um advogado para fazer de porteiro da casa … Hugo Marçal, outro dos condenados, era o que abria a porta às crianças.
A D. Gertrudes nunca viu nada, nunca ouviu nada, e nada acrescentou ao processo, além de um “ensurdecedor” silêncio … e com isto conseguiu a absolvição …
O que mais ela saberia para se tornar assim tão “inocente” …

A justiça até pode querer ser cega, mas a D. Gertrudes consegue ser cega, surda e muda ... e ainda ganha com isso ...

E como se devem sentir os proprietários de “casas de meninas” em Portugal, que volta e meia, são presos por lenocínio: “Então, e nós ? Por que não somos nós também absolvidos ?” …

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