As opiniões que o Embaixador americano teceu à nossa política (?) de Defesa são pouco abonatórias, mas pouco têm a ver com Defesa, com política e ainda menos trata-se de espionagem a Portugal …
“Portugal é o paraíso dos generais sentados”
“Portugal move-se pelo desejo de ter brinquedos caros”
“compra armamento por uma questão de orgulho, não importa se é útil ou não”
“As posições-chave são ocupadas por carreiristas que evitam entrar em controvérsias”
“Espera o tempo suficiente, dizem-nos os oficiais, e chegarás a coronel ou general”
“um corpo de oficiais superiores para quem adiar uma decisão é quase sempre a melhor decisão”
“o ministro é fraco, não muito respeitado pelas chefias militares, ridicularizado pela imprensa e com pouca influência dentro do Governo português”
Estes telegramas do embaixador americano não são um trabalho de espião sobre a situação da nossa Defesa, trata-se antes de um brilhante trabalho académico sobre a mentalidade e o modo de (não) trabalhar do funcionalismo público português.
Estamos na presença de uma obra-prima da sociologia: o estudo de uma raça mundialmente famosa, o funcionário público tuga:
- o maior amigo da preguiça …
- o inimigo n.º 1 da proactividade e da iniciativa …
- o maior crítico de tudo o que lhe rodeia …
- aquele que adia o trabalho … mas antecipa as férias e as baixas …
- aquele que tem chefias incompetentes (mas subservientes), que não levantam ondas e cujo passatempo favorito é o jogo de “pau com ursos”
- onde apenas o “lambe-botas” tem hipóteses de fazer carreira …
- e que se diverte a fazer pouco, a estourar o dinheiro - que não é deles - no que nada interessa, louvando a sua própria inutilidade ...
Quando tanta gente acha que os embaixadores são gente desocupada, eu tiro o meu chapéu ao americano que escreveu este ensaio sociológico: trata-se de um tipo atento e que em pouco tempo tirou a ficha ao “tuga” …
Só estranho que tão poucos tenham percebido isso …
Os anos passam, mas a minha perspicácia só aumenta :)
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