Saramago e a Igreja ...

O Nobel Saramago anda nos últimos dias nas bocas do mundo devido às declarações polémicas que fez sobre a sua visão da mensagem contida na Bíblia.
Neste país, onde as opiniões sobram e o bom senso falta, muitas vozes se levantaram contra (e outras a favor) sobre mais esta novela.

Mas poucos ficaram bem na fotografia:
- Saramago, já com idade para ter juízo, quis montar um golpe publicitário para vender mais uns exemplares do próximo livro ...
- a Igreja, habituada ao estatuto de intocável, respondeu (logo, deu importância) a quem não devia dar ...
- alguém sugeriu ao Nobel que renunciasse à nacionalidade portuguesa ...
- mais parvoíce junta era difícil ...

Eis a minha visão desta polémica:
- Saramago está "caquético", logo, como "bom cristão" que sou, perdoo-lhe tanto disparate e alguma incongruência
- a Igreja sempre que fala tem o condão de conseguir enterrar-se cada vez mais
- quem pede a Saramago para deixar de ser português está mais senil que o escritor e mais ultrapassado que a própria Igreja
- há muita falta de bom senso em não respeitar a fé de milhões de pessoas: a liberdade de expressão não pode ser desculpa para atropelar as convicções dos outros

Mas a Saramago falta-lhe algo bem mais importante: coragem ... a coragem de atacar, tal como atacou a religião católica, outras religiões, como o Islamismo, esta sim com uma fonte de extremismo, fundamentalismo e intolerância.
Porque se o ataque de Saramago fosse feito ao Islamismo (e haveria tanto que falar ...), a esta hora já Lanzarote estaria bombardeada (no sentido literal) e Saramago não andaria feliz (e livre) pelo mundo a divulgar o seu livro ... mas dessa parte ele esqueceu-se... é a chamada "visão curta" ....

Considerar-se sensato por ser ateu, mas, simultaneamente, defender com tanto afinco a liberdade de expressão ... eu não lhe chamaria tolice ... regresso à minha condição de "bom cristão" e peço a Deus para me dar a virtude de saber manter-me pouco falador quando (e se) chegar aos 86 anos ...

Quanto à Igreja, precisa de:
- ouvir mais
- falar menos
- renovar-se muitíssimo ...
Que parte da frase "o silêncio é de ouro" é que a Igreja não percebe ?